terça-feira, 29 de julho de 2014

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Dava tudo, sempre. Dava sempre tudo o que tinha das flores que colhia. As pétalas, recortava-as, uma a uma e, arrancava-as de um botão amarelo, semelhante ao sol. Eram feitas de um fio acetinado de luz. Tricotava-o, com ternura e, dava-to a ti. O caule, esse, rasgava-o aos pedacinhos e semeava-lhes parcelas de amor, redondas e doces que, depois, plantava nos teus olhos e em cada toque meu, depois teu. Nas folhas, prendia um sorriso perfeito partido em sete partes iguais para que, todos os dias, pudesses ter um só para ti, inteiro. A raiz, repleta de pequenos pedaços de terra húmida, e isso porque estava viva, guardava-a para que, nos dias mais secos, mais tristes, te pudesses agarrar a ela, à tua raiz viva. E assim fazia com todas as minhas flores, cuidava delas e depois, de ti. E assim farei com cada nova flor do amanhã, mas primeiro cuidarei de ti porque, a beleza delas, não se iguala à do teu coração. Isto, para te dizer que continuarei a arrancar flores, de mim, para ti. 

(escrevo-te porque, também tu, és a minha inspiração) 

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