terça-feira, 4 de janeiro de 2011

O tempo é algo indefinido, é a espera e a procura de um segredo escondido pelos ponteiros do relógio, pela Lua e pelo Sol. O amor precisa de tempo e de espera e da procura do segredo da eternidade, mas a espera nem sempre é fácil e a procura pode cansar e desgastar. É difícil esperar. É difícil procurar sem desistir. Mas mais difícil do que esperar é amar sem nada em troca. E o amor requer silêncios e gritos e esperas e sigilos únicos. Eu esperei por ti. Esperei o tempo necessário para perceber que era inútil olhar para o mar e lembrar-me dos teus olhos. É tão fácil sonhar. É tão fácil imaginar-te. É tão fácil desenhar-te no céu unindo as estrelas. É tão bom acreditar que voltarás, mas é inútil. Esqueci-me que existe uma barreira a separar-nos chamada distância. Ignorei aquilo que a minha consciência sempre me disse, mas quem ama ignora e não ouve, nem vê, apenas sente e espera. Mas agora estou cansada de esperar na minha janela. Estou cansada e fraca para esperar que, com todo o teu cavalheirismo, batas à porta com um ramo de flores e digas que sentiste falta do cheiro a baunilha desta rua dos amores. É tempo de beber um pouco da noite. Oh…mas é tão difícil desistir de te esperar, de te amar. A espera e a paciência é própria dos amantes, e o sonho alimenta a espera. Já passei tantas noites a dormir encostada à janela. Sei que atrás daquelas colinas tão altas, tu também estás ansioso por voltar, ou será mais um sonho meu? Talvez…talvez seja tempo de acorrentar à tua espera um ponto final. Aos poucos as palavras vão-se transformando em pó e a minha alma em cinza que o vento levará para saberes que já é tarde para voltares…já esperei demais, e quando se espera demais o amor rasga e parte e destrói e mata o coração. É assim que os amantes morrem de amor, com a alma reduzida a nada e com a espera a levar-lhe o olhar para o vazio.