terça-feira, 5 de julho de 2011

Era uma vez.

Dançava nas árvores a coruja,

Era noite e dançava.

Verdes como o prado,

Altas como o sonho,

Temidas como ele, medonho.

Tropeçava no silêncio arrepiante entre o olhar,

Frio, gelado persuasivo

Como o amor de matar.

A boneca tremia,

Respirava lentamente para fingir a presença

Entre o manto branco do sono e a sua ausência .

Cabelos sujos, ensanguentados

Eram caracóis negros humilhados.

Sobrava a respiração amedrontada

Um raio de sol no meio do nada.

De mão trémula, olhar ausente,

Carolina chorava docemente.

“É hora de partir”, cantava-lhe baixinho,

Enquanto no corpo a perfurava de mansinho.

Os segundos congelaram-lhe o corpo,

Cegaram-lhe a melodia da voz.

E no fundo da mágoa guardada no baú,

Restava-lhe um muro e uma casca de noz.

E uma flor colorida colheram do cansaço,

E carolina partiu, após muito fracasso.

sábado, 2 de julho de 2011

Bolha de ar,


Negros prados feitos de linho

Acolhem à noite um menino,

Pardo guerreiro, sujo impuro

Vem no silêncio

matar o sonho da amada.

Esfaqueando perfura o espaço

Entre o peito e o olhar

Trazendo o nada.

Com as lágrimas sujas ao amar

Percorre o sono com fúria,

Queimar ou esfolar ,

É tudo o que lhe resta na penumbra.

Protector divino do inferno,

porque me tomas ao colo sem tumba?

Abrasa o escuro com o navio terno,

Menino da noite do prado negro,

Matá-la-ás com o teu medo.

E assim roubarás a respiração,

Roubarás a bolha de ar sem mais uma negação…

sexta-feira, 1 de julho de 2011


Habita em ti o assombro,

O medo na escuridão submersa dos olhos,

Infernalmente movimentas o corpo,

A silhueta perversa do inferno.

Tremores.

Há linhas negras, sem regras

Pálidas como o silêncio.

Linhas minhas. Tuas. Linhas nossas, mortas.

Alma nua, crua. Ferida torta.

Tremores.

Há em ti o horror,

O crepúsculo apagado

Mordido pelas unhas ferozes,

Esgaçado pelo corpo áspero,

De um ser danado.

Tremores.

Vive em ti a força ardente,

O poder apetecível da manipulação,

Violas o íntimo da tua cria,

Agrides com a tua mão

Perfeito suicídio de uma semente,

Mais uma alucinação.

Tremores.

E o fim imediato.