terça-feira, 6 de abril de 2010

A Intemporalidade de Amar,



(...) Está frio aqui, a casa está vazia, falta-lhe a alma, a vida de alguém marcada nos poros destas paredes. Os vidros e os espelhos estão embaciados, e daqui vejo apenas um grande rochedo que desmoronou e se encontra agora em frente ao portão acorrentado e enferrujado. Estive deitada por cima da colcha branca de linho e o meu corpo estava inerte, completamente petrificado pela saudade que me invade cada vez mais o coração, que me prende os movimentos como se me acorrentassem as duas pernas, os dois braços e os fechassem com um aloquete inquebrável. Entre os dedos escorrem-me lágrimas que voamdos meus olhos como livres papagaios de papel no ar, que depois descem pelas unhas e salpicam o chão como gotas de água que regam as flores secas. Acho que até agora, já perdi parte dos sentidos. Sinto fragmentos de cinza entre cada palavra, olhar, gosto ou o que quer que eu toque. Sou terra podre e seca depois de ser rejeitada, onde brotam flores murchas de pedra, replectas de espinhos cortantes como punhais que trespassam um ser. A tua ausência deixa-me assim, com retalhos de coração nas mãos. (...)

(excerto de "A Intemporalidade de Amar", por Camila Tchékhov)

6 comentários:

  1. adorei *.*
    e estou a seguir-te, se quiseres faz o mesmo x$

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  2. muito obrigada *
    cantinho adorável por aqui também :)

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  3. É mesmo impressionante as proporções devastadoras que a saudade pode tomar!
    E que, por mais que a tentemos combater, ela se sobrepõe imensamente à nossa vontade e nos aniquila o querer!!!

    Esta casa já sente a tua falta, amor!!!:)

    ***

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  4. Não pude deixar de reparar na fluidez da escrita, na força das descrições, na intensidade dos sentimentos.
    Está fantástico *-* Gostei mesmo.
    Vou seguir o blog; posso? :)

    Beijinho.
    Rita f.

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  5. Já agora, gosto da música (;

    Beijinho.
    Rita f.

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