(...) Está frio aqui, a casa está vazia, falta-lhe a alma, a vida de alguém marcada nos poros destas paredes. Os vidros e os espelhos estão embaciados, e daqui vejo apenas um grande rochedo que desmoronou e se encontra agora em frente ao portão acorrentado e enferrujado. Estive deitada por cima da colcha branca de linho e o meu corpo estava inerte, completamente petrificado pela saudade que me invade cada vez mais o coração, que me prende os movimentos como se me acorrentassem as duas pernas, os dois braços e os fechassem com um aloquete inquebrável. Entre os dedos escorrem-me lágrimas que voamdos meus olhos como livres papagaios de papel no ar, que depois descem pelas unhas e salpicam o chão como gotas de água que regam as flores secas. Acho que até agora, já perdi parte dos sentidos. Sinto fragmentos de cinza entre cada palavra, olhar, gosto ou o que quer que eu toque. Sou terra podre e seca depois de ser rejeitada, onde brotam flores murchas de pedra, replectas de espinhos cortantes como punhais que trespassam um ser. A tua ausência deixa-me assim, com retalhos de coração nas mãos. (...)
(excerto de "A Intemporalidade de Amar", por Camila Tchékhov)
adorei *.*
ResponderEliminare estou a seguir-te, se quiseres faz o mesmo x$
que texto bonito :$
ResponderEliminarmuito obrigada *
ResponderEliminarcantinho adorável por aqui também :)
É mesmo impressionante as proporções devastadoras que a saudade pode tomar!
ResponderEliminarE que, por mais que a tentemos combater, ela se sobrepõe imensamente à nossa vontade e nos aniquila o querer!!!
Esta casa já sente a tua falta, amor!!!:)
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Não pude deixar de reparar na fluidez da escrita, na força das descrições, na intensidade dos sentimentos.
ResponderEliminarEstá fantástico *-* Gostei mesmo.
Vou seguir o blog; posso? :)
Beijinho.
Rita f.
Já agora, gosto da música (;
ResponderEliminarBeijinho.
Rita f.