Com uma estaca de ferro velho
e gélido, o coração foi cravado.
Sem pena. Sem mágoa. Sem desafronta.
Dor voa sobre as nuvens, sopra o vento
As lágrimas que do rosto tombam
Inundando de sangue a pura alma.
Pede ajuda entre dentes. Gritando num sussurro
Com o olhar vazio, suplica. Com a pele rasgada
E de joelhos raspando o chão cai enfermo o corpo dela.
Enfermo e nauseabundo de cansaço.
Assim é a dor.
Assim é a fraqueza mascarada de robustez.
Enquanto a melodia surgir da agonia,
Ela é assim.
Não só quem nos odeia ou nos inveja
ResponderEliminarNos limita e oprime; quem nos ama
Não menos nos limita.
Que os deuses me concedam que, despido
De afectos, tenha a fria liberdade
Dos píncaros sem nada.
Quem quer pouco, tem tudo; quem quer nada
É livre; quem não tem, e não deseja,
Homem, é igual aos deuses.
Ricardo Reis, ODES