terça-feira, 28 de dezembro de 2010


Jurei não te esquecer, meu amor, jurei. Assim como jurei não voltar a cruzar a rua onde te deixei. Passo as esquinas do tempo e temo ferozmente antever o teu vulto, temo intensamente desviar o meu olhar para os teus dedos meigos e encontrá-los cruzados com outros que não os meus, ver os teus braços apoiados noutros ombros e os teus olhos mergulhados noutra essência. Depois disto desviaria a atenção, fugiria para casa a chorar enquanto com as mãos afastava a multidão que me impedia de andar, pontapeava os casais apaixonados e chorava ainda mais amaldiçoando todas as pessoas que amam.

Mas mesmo assim não te esqueceria, meu amor, não conseguiria arrancar de mim tudo o que um dia foi tatuado em cada poro da minha carne. Mendigaria o teu amor até me dares a insignificativa esmola de um olhar de soslaio. Até que um dia, me cruzaria contigo de novo, tu com os dedos frios e mortos entrelaçados numa mão quente, voltarias o rosto para trás e com o mais duro e penetrante olhar, me suplicarias “Não me deixes”. As minhas lágrimas cairiam e eu sussurrava baixinho “Não, não te deixo. Mendigo e mendigarei sempre o teu amor, até que a esmola seja maior que o sofrimento”. Abandonaria para sempre a tua luz e jamais te encontraria, jamais os nossos destinos se voltariam a ligar.

2 comentários:

  1. Um belo texto. Uma história sofrida.
    Minha pequenina <3

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  2. Quanta dor...
    Quanta lágrima...
    Quanto fervor...
    Quanta abnegação...
    Quanto amor...
    Tudo junto na mesma alma!...

    Quem será digno de semelhante suplício?...

    Só aos deuses cabe a suprema entrega
    Dos anjos, cândidos e doces,
    Que no Olimpo sua fronte ornam de louro e jasmim,
    Longe dos apelos tentadores do vil mundo
    Que os amantes reduz a efémera centelha
    Da verdadeira e suprema felicidade...

    Colhe, pois, a hora que passa,
    Ciente de um amanhã mais belo e puro
    Que tua dor mitigue
    E no Olimpo tua justa presença afirme!

    CARPE DIEM

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