quinta-feira, 13 de março de 2014


A noite escaldava. Desafiava-os ardentemente a marcarem-na. Ela, há muito que desejava tomar o sabor e o poder daquele corpo, o desejo carnal percorria-lhe nas veias. Ele, escondido, sentia a mesma quentura por aquelas curvas suaves que, agora, se refletiam na água. Imaginava, todos os dias, em como seria sentir os seios firmes a escorregarem entre os dedos trémulos. A noite dizia, como que em segredo, “ambos se desejam loucamente.”
                Corria uma brisa fresca, ela cobria as pernas, apenas, com uma saia provocante. Ele, louco, sem pensar na reação daquela figura que o deixava tão excitado, como quem abraça o mar, prendeu-a, mesmo que por detrás dela, de uma forma selvagem. Desabotoou-lhe a blusa larga que trazia vestida, onde refletiam pedaços de lua e, destemido, desnudou-a, ali, perante a maresia sedenta. Ela estremeceu. Sorriu e, colocando a sua mão por cima da dele, quente, conduziu-o por todos os recantos do seu corpo. Os dedos leves passearam pelos lábios e pelo pescoço eriçado, surpreenderam os mamilos duros, deslizaram pelo umbigo, pelas pernas e pelos sítios mais furtivos. Sentia-se cada vez mais sedenta. Num rodopio, beijou-o sofregamente, lambeu-lhe os lábios e mordiscou o pescoço. Depois, como que sem pensar, desceu e apoderou-se do seu íntimo molhado e ereto. Engoliu-o com ternura, saboreou os fluidos que se iam soltando daquele pedaço de carne a fervilhar de loucura. Abriu caminho para a demência dos corpos.
                Ele, delirando com todo aquele enredo, agarrou-a pelas coxas e deitou-a no meio da areia molhada. Arrancou-lhe a saia curta e tateou todas as suas curvas escondidas, enquanto lhe devorava a silhueta de uma ponta à outra. Sem medos, e com toda aquela volúpia no ar, entrou nela. Desvairadamente, cada vez mais se sentia fora de si. Excitação. As gaivotas que por ali passavam enlouqueciam e beijavam-se entre as nuvens. Existia, apenas, uma luz sobre eles, o resto era escuridão. Os deslizes dos corpos eram naturais, escorregavam um sobre o outro com imparidade. O prazer aumentava de segundo para segundo. Gemiam. O corpo dele, frenético, levava-a para uma outra dimensão, o suor dos corpos fundia-se num só. O ritmo aumentava. A loucura. O desejo. A excitação. Tudo misturado num ato de vaivém. A explosão carnal queria acontecer. Só mais uma vez. Não queriam que, aquele momento terminasse nunca, mas não havia mais maneira de fugir. O prazer cobriu-lhes o rosto, a fúria selvagem em que se encontravam fê-los sussurrar uma volúpia consentida e, mantiveram-se ali, ao Luar, contemplando a noite mais louca a que a praia tinha assistido.
E tudo começava de novo…
A noite escaldava.

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