sexta-feira, 22 de outubro de 2010


Entre as esperanças e o medo, vê um tempo incerto, uma tempestade de marés que afogam os seus olhos, com esta ou aquela água. As paredes conseguem sussurrar mais alto que a sua voz fraca, quase inaudível mas ensurdecedora, pois nada a consegue mais amordaçar. Corta os pulsos com uma faca afiada, o sangue parece ser pedra que ao cair mata um sorriso e cria uma dor. O coração cheio de gritos rebenta como um balão e polvilha toda a sua mente de fantasmas, calando a dor, calando o medo, cravando um vidro em vez do olhar. Com uma tesoura corta a língua, guarda-a num frasco, cega e arranca os olhos com um bisturi, faz um picotado sobre a barriga e com toda a raiva do mundo rasga a pele. Espeta uma lança no pé, corta com um machado todos os dedos das mãos, perfura o estômago e esfola o que lhe restar do corpo, até que a dor se sobreponha ao medo, à raiva e à asfixia da sua mente cansada. É tempo de morrer, aproxima-se esse tempo…o tempo do fim está próximo. Resta enterrar o corpo nauseabundo, pálido e frio. Resta-lhe um sono profundo. Apenas um sono.

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