sexta-feira, 8 de outubro de 2010


Não. Não é falta de palavras ou de modos de expressão. É a ausência de alguém, a presença de imagens, enigmas, dúvidas, segredos. É a fusão negra de toda uma preocupação, uma vontade de apartar e seguir a minha estrela para um outro lugar bem distante. É o desejo da libertação sem sucesso, a inabilidade de ser amada, a súplica por atenção e um abraço de alguém que me entenda, que me leva para este estado de esgotamento, de intolerância, de afastamento social, de frieza, de silêncio. A pureza das folhas tem-me suplicado por algumas gotas de tinta, mas a minha capacidade de escrita parece ter fugido. Escrevo, e às vezes esqueço-me do que escrevi na linha anterior, esqueço-me do sentido das palavras que rabisquei na primeira frase. Esqueço-me que ninguém vai sentir o texto como eu. Que ninguém vai chorar ao ler esta meia dúzia de palavras, como eu estou a fazer ao escrevê-las. Esqueço-me que estou sujeita a ser lida por alguém que me julga. Que estou exposta a juízos de valor completamente errados, mas estarei eu capaz de deixar este refúgio?...nem pensar. Porque aqui encontro-me a mim própria, por vezes. Aqui abro a boca do meu coração e grito até quando me apetecer. Aqui, posso perder-me na magia das letras desenhadas e esquecer todo o resto.

Silêncio.

1 comentário:

  1. SOLIDÃO VISTA POR CHICO BUARQUE

    - Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo…
    Isto é carência.

    - Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar…
    Isto é saudade.

    - Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes, para realinhar os pensamentos…
    Isto é equilíbrio.

    - Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente para que revejamos a nossa vida…
    Isto é um princípio da natureza.

    - Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado…
    Isto é circunstância.

    - Solidão é muito mais do que isto.

    - Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma.

    Francisco Buarque de Holanda

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