sexta-feira, 12 de outubro de 2012

trovejava lentamente, num barulho confundível com o vento. naquela noite tinha-me deitado no teu regaço. havia chuva no teu pescoço e alface plantada na tua boca, 'saboreia-me', dizias-me enquanto os corvos comiam um cadáver sedento. sabias a terra quente, por vezes confundia-te com pedaços de humidade pastosa, onde as minhocas podiam passear perfurando-te os olhos. eramos só nós os dois e os corvos. num gesto rompeste a lua... 'saboreia-me', dizias-me num êxtase profundo, como a dor da perda daquele cadáver. a alface tenra que provavas fora comida, com gula e ganância, num trovão repentino. querias livrar-te dela para me trincares com mais força, confessaste, e querias prazer. houve um exaustivo momento de forças carnais, depois adormeceste. os corvos agoiravam o destino...o cadáver era eu.

Sem comentários:

Enviar um comentário